ATA DA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 23.03.1987.

 


Aos vinte e três dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto alegre, em sua Sexta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e seis minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Satte, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Teresinha Chaise, Kenny Braga, Artur Zanella, Nilton Comin Isaac Ainhorn e Raul Casa. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Quinta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram apresentados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado que seja determinado policiamento para a Rua Anchieta; pelo Ver. Aranha Filho, 01 Pedido de Providências, solicitando que o Órgão Executivo encaminhe ao Legislativo um projeto de lei, estabelecendo equivalência salarial entre os reajustes dos vencimentos dos servidores do Município e o da majoração do Imposto Predial e Territorial Urbano, a partir do exercício do próximo ano; pelo Ver. Auro Campani, 02 Pedidos de Providências, solicitando mudança do terminal da Linha 77, Menino Deus - Empresa Trevo - para um local mais próximo à Rua Hipólito da Costa; limpeza e capina da área verde da Rua Walt Disney, próximo ao nº 155 e da praça da Rua Walt Disney, próximo ao nº 155; pelo Ver. Cleom Guatimozim, 01 Pedido de Providências, solicitando eliminação do buraco na Rua Serafim Terra, esquina Surupá, substituição de lâmpadas na Rua Itaboraí, no poste em frente ao nº 1112 e substituição de lâmpadas na Rua Chile nº 710; pelo Ver. Ennio Terra, 03 Pedidos de Providências, solicitando instalação de um ponto de luz na Rua Manoel Elias, em frente ao nº 204; patrolamento da Trav. Nossa Senhora da Saúde; capina do terreno baldio localizado entre as Ruas Clemente Pereira e São João; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Projeto de Lei nº 05/87 (proc. nº 567/87), que denomina Estrada Rincão do Leão uma via pública; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 02 Pedidos de Providências, solicitando limpeza e conservação da Rua Eng. Álvaro Nunes Pereira; patrolamento da Estrada Aracaju, da Av. Monteggia até passar pela Escola Técnica Profissional de 1º e 2º Graus do Centro Social Padre João Calábria; pelo Ver. Pedro Ruas, 01 Pedido de Providências, solicitando reposição de lâmpadas na rede de iluminação pública da Rua Francisco Ferrer; 02 Projetos de Lei nºs 07/87 (proc. nº 572/87), que implanta o transporte hidroviário coletivo de passageiros no Rio Guaíba, que funcionará através da iniciativa privada, mediante concessão da Secretaria Municipal de Transportes e segundo normas estabelecidas por esta; 04/87 (proc. nº 571/87), que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Prestes. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 147; 148; 149/87, do Sr. Prefeito Municipal. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/86 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 49/86, o último com Emendas, aprovadas, de nºs 01 e 02. Ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Adão Eliseu, de Voto de Congratulações com o Sr. Cel. PM Jerônimo Carlos dos Santos Fraga, pela sua ascensão ao Comando Geral da Brigada Militar do nosso Estado, encaminhado à votação pelo Autor; do Ver. Aranha Filho, de Voto de Pesar pelo falecimento de Osvaldo Maria Gomes; do Ver. Brochado da Rocha, solicitando que seja realizada uma Sessão Solene no dia quatro de maio do corrente ano, às quatorze horas, para homenagear a Comunidade Judaica de Porto Alegre; do Ver. Caio Lustosa, solicitando que este Legislativo Municipal se integre, principalmente através de suas Comissões de Justiça e Defesa do Consumidor, na mobilização iniciada ontem pela Comissão de Justiça e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, em favor dos milhares de inquilinos ora na iminência de sofrerem despejo e, colaborando com a luta que conta já com o apoio de dezenas de entidades civís, institua um plantão de atendimento permanente aos inquilinos, para prestar-lhes informações e assessorá-los no esclarecimento dos problemas de inquilinato e na reivindicação de seus direitos e garantias, encaminhado à votação pelos Vereadores Caio Lustosa, Brochado da Rocha e Jorge Goularte; do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 49/86 e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/86, sejam dispensados de distribuição em avulsos e interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data; de Voto de Congratulações com o Delegado de Polícia Antônio Soares de Moura, por ter sido indicado para a chefia de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Carlos Vieira Modernel; do Ver. Hermes Dutra, de Votos de Congratulações com o Lions Clube Porto Alegre, São João Navegantes; Lions Clube Porto Alegre, Independência; Lions Clube Porto Alegre, Centro, pelo transcurso de seus aniversários de serviços prestados à Comunidade; com o Dr. José Mário Carvalho, por assumir a Presidência do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas; com Nelson Vanuzzi; Jari Fontana dos Santos; Alcyone Cruz Neto Filho; Júlio Osório B. de Oliveira; Enio Silveira Borba; por assumirem, respectivamente, a Presidência, Diretoria Técnica, Diretoria de Operações, Diretoria Administrativa e Diretoria Financeira da Companhia Riograndense de Telecomunicações; com Aldo Annes DeGrazia; Carlos Antonio Rosito; Marlene Wolf; Jesus Galdino Anhaia; João Fernando Lorscheitter, por assumirem, respectivamente, a Diretoria para a Área Médico-Odontológica, Diretoria para Assuntos Legais, Diretoria de Benefícios, Pecúlio e Pensão, Diretoria de Seguros e Diretoria para Assuntos de Custos Judiciais da Caixa de Assistência dos Advogados; com o Sr. Luiz Carlos Stefani e demais membros efetivos por assumirem a Diretoria do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Carga do Rio Grande do Sul; com o Sr. Flávio R. Stefani, pela passagem do aniversário da União Brasileira dos Trovadores; do Ver. Isaac Ainhorn, de Votos de Congratulações com a Sra. Nina Alcalay, pela posse como Presidente da NA-AMAT Pioneira; com a Sra. Frida Vatz Iochpe, pela posse como Presidente da WIZO; da Ver.ª Jussara Cony e assinado pelos Líderes de Bancada da Casa, solicitando a dedicação do Grande Expediente do dia vinte e cinco do corrente à passagem do aniversário do Partido Comunista do Brasil; do Ver. Kenny Braga, de Voto de Congratulações com a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, pela realização da “Semana de Reflexão sobre a Constituinte e a Cultura”; do Ver. Lauro Hagemann, de Voto de Congratulações com o Partido Comunista Brasileira - PCB, pelo seu aniversário, encaminhado à votação pelos Vereadores Paulo Sant'Ana, Clóvis Brum e Lauro Hagemann; do Ver. Mano José, de Voto de Pesar pelo falecimento da Sra. Eulina Ribeiro da Luz. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 146/85; 91/86; 02/87; 94/86, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; Projetos de Lei do Executivo nºs 13; 14/87; em 2ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 86; 87/86, discutido pelos Vereadores Adão Eliseu e Caio Lustosa; Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/87; Projetos de Lei do Executivo nºs 03; 10; 11/87; em 3ª Sessão, Projeto de Resolução nº 01/87. Ainda, durante a Ordem do Dia, foi aprovado Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 63/86, seja submetido à reunião conjunta das Comissões de Urbanização, Transportes e Habitação e de Saúde e Meio Ambiente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Ver.ª Teresinha Chaise posicionou-se favoravelmente ao Projeto de Lei de autoria do Ver. Pedro Ruas, que denomina Rua Ver. Valneri Antunes a atual Rua Tenente Ari Tarragô, tecendo considerações sobre o trabalho e sobre os posicionamentos daquele ex-Parlamentar. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Mano José discorreu acerca do Projeto de Lei de autoria do Ver. Pedro Ruas, que denomina Rua Ver. Valneri Antunes a atual Rua Tenente Ari Tarragô, esclarecendo os motivos pelos quais posiciona-se contrário ao mesmo, reportando-se a problemas já ocorridos em votações anteriores que tencionavam modificar nomes de ruas já consagrados pelo uso da população. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt, disse ser favorável ao Projeto de Lei do Legislativo que muda o nome da Rua Tenente Ari Tarragô para Rua Ver. Valneri Antunes. Criticou a posição dos Vereadores contrários a este projeto lembrando que, em situações anteriores semelhantes a essa, a Casa se posicionou a favor. Ainda em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Hermes Dutra reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Antonio Hohlfeldt, acerca da troca do nome da Rua Tenente Ari Tarragô, dizendo que, neste caso, os moradores da rua deveriam ser consultados a respeito. Comentou a alta do custo de vida e a falta do material de consumo no comércio, em especial a de material escolar, criticando a atuação do Governo na área. Ainda durante a Sessão, o Sr. Presidente deferiu os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, solicitando que, diante dos dados fornecidos pelo Ver. Werner Becker sobre irregularidades constantes nos Mapas do Plano Diretor de Porto Alegre, seja convidado o Sr. Secretário do Planejamento Municipal, Dr. Newton Paulo Baggio, a prestar esclarecimentos necessários à Comissão Permanente de Saúde e Meio Ambiente e, por conseguinte, à Câmara Municipal, antecedendo uma possível criação de Comissão Especial ou de Inquérito para apurar o referido assunto; do Ver. Adão Eliseu, solicitando a constituição de uma Comissão de Inquérito para apurar as modificações apresentadas pela planta da Cidade, Anexo I da Lei Complementar 43/79, que é a representação gráfica da divisão territorial do Município e uso do solo urbano, nos termos do pronunciamento gravado nos Anais da Casa, na Sessão Plenária do dia seis do corrente, conforme cópia inclusa no Requerimento. Após, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Antonio Hohlfeldt, sobre a existência ou não de “quorum” para a continuidade dos trabalhos da presente Sessão. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezessete horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Chaise, Gladis Mantelli e Frederico Barbosa, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Solicito ao Sr. Artur Zanella que proceda à leitura de trecho da Bíblia.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: (Lê.)

“Que prazer tem Deus dos que desapareceram

debaixo da terra, em lugar dos vivos, que lhe tributam louvor?

Da parte do morto, como se nem sequer existisse,

perdido está o louvor:

só o vivo, o são pode louvar a Deus.

Quão grande é a misericórdia de Deus

e o perdão para aqueles que a ele voltam!”

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário procederá à leitura da Ata da Sessão anterior.

 

(O Sr. 2º Secretário lê.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Ata. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler): Adão Eliseu (01), Aranha Filho (01), Auro Campani (02), Cleom Guatimozim (01), Ennio Terra (03), Hermes Dutra (01), Isaac Ainhorn (02), Pedro Ruas (03).

É só, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: O ementário do Expediente está distribuído em avulsos.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Ex.ª tem a palavra.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Solicito à Mesa que, ouvido o Plenário, seja feita a inversão da ordem dos trabalhos a fim de que possamos votar o Requerimento assinado pela Ver.ª Jussara Cony, que visa homenagear a passagem do aniversário do Partido Comunista do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A seguir, havendo “quorum”, passaremos à

 

ORDEM DO DIA

 

 DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2289 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 07/86, que altera a redação do art. 57 da Lei Complementar n.º 133/85.

 

Parecer:

- da Comissão Especial. Relator-Geral, Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCE nº 07/86. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLCE nº 07/86 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLCE nº 07/86 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1691 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 49/86, do Ver. Jorge Goularte, que denomina Parque Maurício Sirotsky Sobrinho o atual Parque da Harmonia. Com Emendas de nºs 01 e 02 do autor.

 

Parecer Conjunto:

 

- da CJR e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Cleom Guatimozim: pela aprovação com as duas Emendas do autor.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 49/86. (Pausa.) Vota-se, primeiramente, o Projeto, depois as Emendas a ele apostas.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda nº 01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Em votação a Emenda nº 02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLL nº 49/86 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa o Requerimento de autoria do Ver. Caio Lustosa: “o Vereador firmatário vem, nos termos do art. 154 do R.I., requerer a V.Ex.ª que, após ouvido o Plenário, fique decidido o seguinte:

a) integrar o Legislativo Municipal, principalmente através da CJR e CEDECON, a mobilização iniciada ontem, pela Comissão de Justiça e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, em favor dos milhares de inquilinos, ora na iminência de sofrerem despejo.

b) o Legislativo, colaborando na luta que conta já com o apoio de dezenas de entidades civis, institua um plantão de atendimento permanente aos inquilinos, para prestar-lhes informações e assessorá-los no esclarecimento dos problemas de inquilinato, e na reivindicação de seus direitos e garantias. Justificativa da tribuna, Porto Alegre, 20 de março de 1987. Ver. Caio Lustosa.”

Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, a palavra, com o Ver. Caio Lustosa, como autor.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Caso seja necessário tempo, o Ver. Caio Lustosa pode encaminhar também em nome da Liderança da Bancada de seu partido.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sabemos todos que, na presente conjuntura de grave crise econômico-social, atravessada pelo País, um dos segmentos que sofre, nesta hora, séria angústia é o dos locatários, dos inquilinos de prédios residenciais e dos inquilinos de imóveis comerciais, notadamente os pequenos e médios empresários que, com o término do assim chamado “congelamento dos aluguéis”, vêem-se, de repente, compelidos pelos proprietários de imóveis a reajustes absurdos.

Têm-se casos aqui, em Porto Alegre, de aumentos de 400 a 500%, se não mais, numa inflação que, segundo os órgãos do Governo, de fevereiro de 1986 a fevereiro de 1987, seria de 71%. Pois bem, com o descongelamento da chamada Lei Brossard, mais especificamente um decreto-lei, ficaram os inquilinos de imóveis residenciais e comerciais à mercê de um reajuste absurdo. Ou eles aceitam ou são obrigados a entregar os prédios por eles habitados. Em virtude desse fato, a Comissão de Direitos Humanos e Segurança Social da Assembléia Legislativa, presidida pelo Dep. Mário Madureira, convocou, para quinta-feira última, uma reunião daquela Comissão e entidades da sociedade civil, do Prodecon, imobiliárias e entidades ligadas aos inquilinos no intuito de equacionar uma luta conjunta para, em primeiro lugar, fazer um levantamento da situação do inquilinato, já que há uma verdadeira balbúrdia, uma desinformação completa, principalmente por parte daqueles inquilinos que não têm uma assessoria jurídica eficaz a seu pronto dispor, e, num segundo instante, mobilizar, através de um exame da questão da moradia, a fundo, mobilizar os constituintes que lá estão e que, certamente, terão que abordar, entre as questões principais de uma futura carta, a questão da moradia, da habitação neste País, que sabemos ser das mais graves.

Então, com essas duas propostas de um estudo da conjuntura e das medidas imediatas que se possam tomar em prol dos inquilinos e uma visão mais a médio e longo prazo da questão dos direitos do inquilino a nível constitucional, a Comissão presidida pelo Dep. Mário Madureira reuniu as entidades antes apontadas e já agora, nesta semana, a partir de manhã, terça-feira, e quinta-feira, fará novas reuniões a fim de encaminhar as propostas tendentes a viabilizar um estudo e soluções para o problema da locação residencial e dos prédios, inclusive comerciais, principalmente em relação ao Rio Grande do Sul.

Assim é que a nossa proposição é no sentido de, atendendo a um apelo do Legislativo sul-rio-grandense, firmar, aqui na Câmara Municipal, junto com a CEDECON e a CJR, um instrumento de assistência e apoio aos inquilinos para que esta luta, que deverá ser levada a efeito em termos estaduais e até nacionais, possa tornar-se eficaz e eficiente. Daí por que termos certeza de que esta Câmara irá aprovar o entrosamento do Legislativo porto-alegrense na luta maior que está sendo levada a efeito pela Assembléia Legislativa do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra, o Ver. Brochado da Rocha pelo PDT.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em boa hora encaminha a esta Casa o presente Requerimento o Ver. Caio Lustosa. Realmente, o problema do inquilinato, de um lado, e a questão da moradia própria, de outro, neste País, se iam mal com a Velha República, vão muito pior com a “Nova República”.

Uma das heranças negativas que nos deixa o Plano Cruzado é, exatamente, o problema da Lei do Inquilinato. Realmente, a nível de um estudo mais profundo, vê-se que a presente Lei, tendo em vista uma atual conjuntura econômica e social absolutamente anárquica e altamente lesiva, cria, ou criou, ou está criando uma verdadeira loucura nesta área do inquilinato. Sem perder de vista, no entanto, que mesmo que as leis do inquilinato sejam favoráveis, visto que o atual Governo resolveu extinguir o BNH e, de outra parte, praticamente imobilizar o assunto, o problema da moradia, concomitantemente ao do salário, acompanha um problema nacional de altíssimo trauma na sociedade brasileira. Todas as Câmaras Municipais do Brasil devem se mobilizar no sentido de procurar interferir diretamente no equacionamento de uma questão tão importante, eis que ela estabelece, também, e é necessário que se diga, que o que está posto aí estabelece uma verdadeira anarquia. Os imóveis novos, ou a nova locação, hoje, assumem quantias rigorosamente proibitivas a qualquer pessoa. As antigas locações ficaram defasadas, de certa forma, menos aquelas de cinco anos, que ficaram liberadas, mas as novas locações assumem valores proibitivos na medida em que elas passam a constituir uma matéria-prima absolutamente inexistente.

Então, o cidadão pede o que quiser. E outra: fica regulada por lei e defasada. Ao mesmo tempo, não há o incentivo da casa própria. Não há uma política geral. Digo que aprovo o Requerimento do Ver. Caio Lustosa, o qual julgo importante. Acrescentaria a V.Ex.ª, ao Plenário ou a mim mesmo, que, nesta Casa, é necessário que se persiga e se leve até às autoridades a pergunta e soluções de uma política nacional de habitação. Há uma frente de luta, que é o problema da reforma agrária, absolutamente imprescindível. Só num país que tem uma estrutura agrária das mais anacrônicas do mundo é que isso acontece. Mas, de outro lado, o problema urbano tem de ser inserido num texto legal no Brasil, no sentido de que haja uma política urbana mais adequada porque uma coisa é concomitante da outra ou o resultado da outra. No Brasil, não se tem nenhuma política no sentido de estabelecermos moradas próprias ao poder aquisitivo do brasileiro. Por isso, acho que o gancho que nos oferece o Ver. Caio Lustosa poderia ser acrescido de um segundo item, que poderia ser a busca de uma política urbana e, sobretudo, uma possibilidade de aquisição de casas próprias nas áreas urbanas, que estão paradas. É um assunto que parece ter morrido, mas de absoluta necessidade e atendimento rápido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte para encaminhar.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é muito importante o Requerimento do Ver. Caio Lustosa a respeito da luta que vem fazendo o Dep. Madureira, há muitos anos, e que, antes de ser Deputado, já fazia uma luta muito intensa em defesa dos mutuários do BNH e dos inquilinos. Agora, com muito mais ênfase, o Dep. Mário Madureira defende esta enorme gama de pessoas que luta para ter a sua casa própria ou para pagar o aluguel escorchante por parte dos proprietários de imóveis.

Há poucos dias, nesta Casa, eu citei um fato, Ver. Caio Lustosa, deveras grave. Entendo de enorme gravidade porque lutei durante dez dias para saldar o meu débito com o BNH. Apesar de ser Vereador de uma capital, não o consegui porque o agente financeiro recusou-se a receber, esperando que mudassem as OTNs. Isso é lamentável e vergonhoso, especialmente por parte de um agente financeiro falido, em liquidação judicial, como é a Habitasul. Eu repito: mandei o meu secretário, mandei vários emissários, fiz ofício para saber do meu saldo e passou-se o tempo e aí não me interessava mais: é lógico que estava com as novas OTNs. Se é um direito do mutuário quitar o seu imóvel a qualquer tempo, é lógico que ele vai aproveitar para quitar este imóvel antes que haja modificação na OTN. Pois não houve jeito. Cheguei a ligar para o Ministério da Justiça e não houve condições porque, ao extinguir o BNH, eu penso que o Governo deixou os mutuários completamente órfãos, sem saber a quem se dirigir. Não há um órgão responsável para a população. Ficou como se fosse a Caixa Econômica Federal, e não é, Ver. Caio Lustosa. Informaram-me que o órgão responsável é o Banco Central. Agora pergunto: qual o mutuário de Porto Alegre, do Rio Grande e do Brasil que sabe que é o Banco Central o responsável pelo controle dos agentes financeiros? Até queria dizer, Ver. Caio Lustosa, que queria ficar tranqüilo e animado, mas pergunto: o agente financeiro que está falido, agente financeiro em liquidação, pode recusar-se a receber o saldo do BNH do mutuário? É realmente estarrecedor, e esta luta do Dep. Mário Madureira, que V.Ex.ª pede que nós apoiemos, é extremamente válida e somo-me a V.Ex.ª por esta proposição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Não havendo mais quem queira encaminhar, em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Ainda, sobre a mesa, Requerimento de Voto de Congratulações do Ver. Lauro Hagemann com o Partido Comunista - PCB - pelo seu 65º aniversário.

 

O SR. PAULO SANT'ANA: Para encaminhar, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Ex.ª tem a palavra para encaminhar pelo PDT.

 

O SR. PAULO SANT'ANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, subo à tribuna para encaminhar o Requerimento do nobre Ver. Lauro Hagemann, que pretende conceder ao Partido Comunista Brasileiro Voto de Congratulações pela passagem dos seus 65 anos. Considero, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que os dois fatos políticos mais importantes deste século são a Revolução Russa e a revolução política que hoje sofre a União Soviética. Nós estávamos acostumados desde 1917, fruto das informações jornalísticas e culturais que tínhamos, a considerar como sinônimos o comunismo e a ditadura. A Rússia, que nós ocidentais conhecemos, é mais a Rússia dos campos de trabalhos forçados, das clínicas psiquiátricas que abrigam os dissidentes políticos, da ausência de qualquer processo democrático para a escolha dos seus dirigentes, na mais completa falta de liberdade.

Pois eis, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que para nosso espanto, igual talvez, àquele que tivemos quando o homem chegou à lua, ouvimos Gorbarchev, o dirigente supremo da União Soviética, dizer que não sobreviverá o comunismo se ele não se adaptar às normas democráticas. Nós temos que nos beliscar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, porque nós estamos sendo testemunhas da 2ª Grande Revolução deste século. A primeira é a instalação do regime comunista em 1917, e a segunda a democratização do regime comunista. É qualquer coisa espantosa, é qualquer coisa que intriga o espírito de qualquer ser pensante a Rússia democratizando-se e declarando, pelo seu dirigente supremo, que é impossível a sobrevivência do regime, que é impossível o êxito material do regime se ele não for democratizado.

É por isso que estou vindo à tribuna: para tentar dizer a todos os homens que têm opinião política que não pode passar despercebido, nesta Casa, esse processo de democratização na Rússia Soviética. E demonstrando que é possível a compatibilização entre democracia e socialismo, como Gorbachev está fazendo ver ao mundo, estou, em nome da Bancada do Partido Democrático Trabalhista, mandando o nosso abraço ao Partido Comunista Brasileiro, que hoje tem maiores e sobradas razões para dizer que é adepto e lutador em prol da democracia.

Novo comunismo surge no horizonte do mundo: o da democratização das decisões, o da democracia da escolha de seus dirigentes nas empresas públicas, nos seus conselhos, nos seus parlamentos.

O Comunismo, hoje já se pode dizer, agora com maior autoridade, que ele é, também, amante da democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra o Ver. Clóvis Brum, para encaminhamento de Voto de Congratulações, pelo PMDB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PMDB, desejamos transmitir o nosso voto favorável ao Requerimento de autoria do Ver. Lauro Hagemann, que pretende que a Casa, através de seu Plenário soberano, transmita o seu Voto de Congratulações com o Partido Comunista Brasileiro, pela passagem de seus 65 anos de existência.

Esta data, Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores, é uma data importante, porque esta agremiação política, que em 65 anos de atividade consegue participar da democracia burguesa desse País, conseguiu sobreviver às maiores perseguições que este País já impôs a este segmento da sociedade, como prisões, torturas, mas soube manter-se. De 22 a 46, no seu anonimato, o Partido Comunista Brasileiro...

 

A SRA. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, solicitaria a V.Ex.ª que interrompesse o seu discurso, pois suspenderemos os trabalhos por falta de energia elétrica. Não tendo luz, é impossível à taquigrafia prosseguir seu trabalho sem som.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15 horas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha - às 15h10min): Estão reabertos os trabalhos, que foram interrompidos face à inexistência de luz.

Ver. Clóvis Brum, V.Ex.ª está com a palavra para completar seu pronunciamento.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Defeito no sistema de som da Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em função da falta de energia elétrica... Desejo concluir o que vinha dizendo para que os Anais da Casa registrem: se estivesse na tribuna um comunista falando em defesa das idéias e do que representou a sua organização partidária no Brasil, até se poderia dizer que o comunista estaria enaltecendo as suas qualidades e do seu partido, mas não: parte de um homem que não é comunista, mas que vê, neste movimento, um movimento de muita resistência. Era menino lá, em Uruguaiana, e o Ver. Jorge Goularte, que não é parente, evidentemente, do nosso Ver. Jorge Goularte, era o único Vereador comunista que havia em Uruguaiana. Em 64, foi o primeiro cassado e preso no 4º Grupo de Artilharia daquela Cidade. A partir daí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, comecei a ver a luta que esses homens e essas mulheres travaram ao longo desses 65 anos. Sessenta e cinco anos de cassação, de banimento, de tortura, de assassinato praticado contra suas lideranças, com mutilação de seus quadros por todas as vias, por todos os processos. Um partido, uma agremiação política, Srs. Vereadores, com apenas dois anos de vida, consegue chegar aos 65 anos cada vez mais jovem, brigando, lutando, com todas as suas forças, contra uma sociedade capitalista desenfreada e muito bem estruturada, notadamente neste País. É sinal de que este partido transmite muita coisa a seus seguidores. É porque este grupo de homens não cansa de pensar e de lutar pela transformação de uma democracia burguesa numa democracia proletária, uma democracia, rigorosamente, Sr. Presidente, onde os trabalhadores tenham uma participação mais ativa, onde o Presidente, quem sabe numa data não muito distante, possa almoçar e passar o dia numa colônia de trabalhadores, como o Presidente Sarney passou, anteontem, numa fazenda de empresários.

A luta do Partido Comunista Brasileiro recebe as nossas congratulações, Ver. Lauro Hagemann, pelo que ela representa há mais de meio século. Eu diria que os comunistas são tal e qual, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, as aves que se orientam no meio da tempestade. São aqueles que lutam, que sobrevivem, que das cinzas se reorganizam e continuam no propósito de transformar a sociedade de operários num governo de operários, onde aquelas camadas, segundo suas idéias, deveriam dirigir os destinos dos povos. Ver. Lauro Hagemann, tenho por V.Ex.ª um grande respeito e admirações. Transmita a todos os comunistas, àqueles que resistiram, àqueles que ainda estão vivos na resistência, àqueles que assistiram seus irmãos e companheiros sucumbirem, ora assassinados, ora presos e ora na tortura, a todas as famílias daqueles companheiros que não vivem mais, transmita a todos os companheiros a nossa homenagem na certeza de que a luta de V.Ex.ª e de todos os comunistas brasileiros chegará um dia ao destino almejado e defendido pelo Partido Comunista. Felicito em especial o Líder da Bancada, Ver. Lauro Hagemann, na certeza de que a mensagem comunista, a cada minuto que passa, a cada ano que passa, grava-se mais no coração do proletariado brasileiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, que encaminha pelo PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não era meu propósito provocar nenhuma pletora de manifestações como as que já ouvimos aqui, as quais sinceramente agradeço. Devo dizer que o Partido Comunista Brasileiro, que depois de amanhã comemora 65 anos de atividade ininterrupta, é o mais sofrido dos partidos políticos brasileiros, embora o mais antigo. Nesses 65 anos de existência, 60 anos e meio foram passados na ilegalidade. Mas nem tudo são palavras alegres nesta véspera do 65º aniversário. O Partido Comunista Brasileiro, como todas as entidades políticas deste País, nesta hora de crise, também está se revolvendo internamente em busca de uma nova postura, em busca de uma postura que atenda aos interesses da classe proletária. Temos sido acusados de muita coisa, mas temos a consciência tranqüila que trabalhamos até agora pela redemocratização deste País. A certeza de que acertamos muitas vezes, erramos outras tantas, porque nós também somos humanos. Devo dizer que o Partido Comunista Brasileiro está com suas portas abertas para a contribuição de toda a sociedade, especialmente de seus militantes, preparando o VIII Congresso do Partido. Em toda a história do PCB, este VIII Congresso nós pretendemos que chegue ao seu final dentro das melhores condições de normalidade, porque até o último Congresso de 82 - o VII - é do conhecimento de todos que foi interrompido abruptamente pelas forças repressivas do Governo da República, e não pudemos chegar ao final desejado. Estamos discutindo democraticamente as nossas diferenças, estamos procurando o nosso caminho, o nosso leito normal, que é a classe operária. E por isso o VIII Congresso vai ser realizado em Brasília, nos primeiros dias de junho. Brasília, Capital da República, o foro mais adequado para esta discussão. E já estamos nos preparando para receber as delegações estrangeiras que virão ao VIII Congresso do PCB. Delegações européias dos PCBs europeus, da União Soviética, da Alemanha Oriental, da Tchecoslováquia, da Bulgária, da Hungria, da França, da Itália, de Portugal, da Espanha. Delegações do PCs latino-americanos, de Cuba, da Argentina, do Uruguai, do Chile, na clandestinidade, do Peru. Partidos Comunistas da Ásia, do Vietnã, etc. E pretendemos trazer a esta Casa as conclusões do VIII Congresso, para que a sociedade tenha um referencial mais exato daquilo que pensa e pretende o PCB no concerto social e político deste País.

Por isto, sou antecipadamente grato à aprovação deste Voto de Congratulações ao 65º aniversário do PCB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

A Mesa submete à apreciação do Plenário, ainda, o seguinte Requerimento de Voto de Congratulações: de autoria do Ver. Adão Eliseu, com o Cel. PM Jerônimo Carlos dos Santos Fraga pela sua ascensão ao Comando Geral da Brigada Militar de nosso Estado. Para encaminhar pelo PDT, o Ver. Adão Eliseu.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em meu nome e em nome do Ver. Jorge Goularte, encaminho favoravelmente ao Voto de Congratulações com a escolha do novo Comandante da Brigada Militar, Cel. Jerônimo Carlos dos Santos Fraga.

Quero-lhes dizer que o Governador Pedro Simon demorou-se demais para escolher os membros da Segurança Pública do Estado, como se a Segurança não tivesse muita importância no seu Governo. Todavia, acertou, e a Brigada inteira aplaude a escolha do novo Comandante. É um oficial que não só tem todos os cursos da Academia da Brigada Militar como vários cursos universitários, um homem muito ligado ao setor das comunicações, não só do nosso Estado, como, também, de todo o nosso País e, especialmente, do centro do País. Portanto, o nosso Voto de Congratulações não só com o Cel. Jerônimo, mas com o Governador, que acertou em cheio na escolha do Comandante. É um excelente oficial. Merece toda a consideração da comunidade rio-grandense, e o Rio Grande terá a oportunidade de comprovar a excelente escolha que foi feita em torno do nome do Cel. PM Jerônimo Carlos Santos Fraga.

O Rio Grande do Sul ganhou com isso e, por esta razão, venho à tribuna, em nome do meu partido, em nome da minha Bancada, em nome do Vereador independente Jorge Goularte, em nome do PDS, congratular-me com o novo Comandante Cel. Jerônimo, com o Rio Grande, com toda a população e, por que não dizer, com o Governador Pedro Simon, que escolheu muito bem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

A Mesa informa ao Plenário que defere os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, solicitando que, diante dos dados fornecidos pelo Ver. Werner Becker sobre irregularidades constantes nos Mapas do Plano Diretor de Porto Alegre, seja convidado o Sr. Secretário do Planejamento Municipal, Dr. Newton Paulo Baggio, a prestar esclarecimentos necessários à Comissão Permanente de Saúde e Meio Ambiente e, por conseguinte, à Câmara Municipal, antecedendo uma possível criação de Comissão Especial ou de Inquérito para apurar o referido assunto;  do Ver. Adão Eliseu, solicitando a constituição de uma Comissão de Inquérito para apurar as modificações apresentadas pela planta da Cidade, Anexo I da LC 43/79, que é a representação gráfica da divisão territorial do Município e uso do solo urbano, nos termos do pronunciamento gravado nos Anais da Casa, na Sessão Plenária do dia 06 do corrente.

A seguir passaremos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2741 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 146/85, do Ver. Valdir Fraga, que denomina Av. Dr. Francisco Roberto Dall’Igna uma via pública.

 

PROC. 2646 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 91/86, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Carlos Nobre um logradouro público.

 

PROC. 2664 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 94/86, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Vitor Mateus Teixeira um logradouro público.

 

PROC. 0446 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 02/87, do Ver. Clóvis Brum, que institui isenção do pagamento de tarifa nos serviços de transporte coletivo, por ônibus, para alunos regularmente matriculados no ensino de 1º Grau.

 

PROC. 0516 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 13/87, que altera os valores da Lei nº 5858, de 12 de janeiro de 1987.

 

PROC. 0548 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 14/87, que dispõe sobre a aplicação de recursos oriundos de convênio autorizado pela Lei nº 5872, de 28.01.1987.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2580 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 86/86, do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Carlos Nobre as futuras instalações do Galpão Crioulo do Parque Harmonia.

 

PROC. 2588 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 87/86, do Ver. Pedro Ruas, que denomina Rua Ver. Valneri Antunes a atual Rua Tenente Ary Tarragô, localizada no Bairro Jardim Sabará, e dá outras providências.

 

PROC. 0272 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 01/87, do Ver. Hermes Dutra, que dá nova redação ao artigo 132, da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985.

 

PROC. 0103 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 03/87, que autoriza o Município a abrir crédito especial até o montante de Cz$ 30.000.000,00 e dá outras providências.

 

PROC. 0433 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 10/87, que declara de utilidade pública a União Sul Brasileira de Educação e Ensino - USBEE.

 

PROC. 0463 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 11/87, que declara de utilidade pública a Fundação Irmão José Otão.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0079 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 01/87, da Mesa, que autoriza o Presidente da Câmara Municipal a ingressar em Juízo.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra para discutir a Pauta.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta de hoje, entre vários projetos, há o Projeto do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Vitor Mateus Teixeira um logradouro público. Desnecessário dizer que Vitor Mateus Teixeira é o nosso popular Teixeirinha. Homem do interior, cresci ouvindo as primeiras músicas e os primeiros sucessos do Vitor Mateus Teixeira, que se notabilizou pela música “Gaúcho de Passo Fundo”, dando, inclusive, supostamente, um erro na sua origem já que ele é de Taquara, mas ganhou projeção nacional e internacional com a música “Coração de Luto”, que algumas más línguas neste País insistiam em chamar de “Churrasquinho de Mãe” numa alusão depreciativa à finalidade com que o cantor tinha feito a música. Eu sei que o Teixeirinha não é aquilo que se pode chamar de cantor nativista, mas é, seguramente, o mais legítimo representante da música popular rio-grandense. Não há, no Rio Grande do Sul, não houve e não sei se haverá alguém que expresse com tanta grandiosidade a sua música popular. A música onde se escreve a letra com a palavra errada, mas não se erra a rima. A música que fala dos amores do gaúcho, da saudade da terra, das andanças do gaudério, do drama da família, a chamada música, por assim dizer, contemplativa e até criticada por alguns, posto que não teria muito fundo social. Mas como se exigir, por exemplo, de um cantor como Teixeirinha que fizesse uma música diferente da que fazia, se o povo, que é a essência de tudo, o amava, o admirava e não há, em qualquer recanto do Rio Grande, quem não assobie, cantarole ou aprecie, às vezes intimamente, até com vergonha de exteriorizar, uma música sua? Quem se lembra do “Cinzeiro Amigo”? Acho que V.Ex.as não se lembram. Pois “Cinzeiro Amigo” foi uma das primeiras músicas do Teixeirinha em que ele chorava as suas mágoas pelo abandono da mulher amada. Uma toada rio-grandense fugindo um pouco do estilo tradicional do xote, da vanera ou mesmo da valsa. Quem não se lembra do “Gaúcho de Passo Fundo”, que lhe deu projeção a nível de Rio Grande e do Brasil? E deu projeção à cidade de Passo Fundo. Lembro-me que uma vez eu estava num congresso estudantil, na cidade de Alegrete, e sentei ao lado de uma moça muito bonita, da cidade de Passo Fundo. Conversava com a moça e lhe perguntei, num tom de chiste, como ia o Teixeirinha. Ao que ela, moça de alta sociedade, esbravejou, dizendo que o Teixeirinha não era de Passo Fundo. Eis que o Congresso foi aberto e, dentre as várias autoridades, pelo Padre Paulo Aripe, conhecido tradicionalista do nosso Estado, que fez muitas poesias gaúchas em relação a um ritual da Igreja. Inclusive, ele tinha uma cuia que lhe servia de cálice para a consagração da hóstia. E ele fez uma saudação para todas as cidades presentes que deviam ser em número de mais de 150, em versos. E a cada cidade ele adjetivava, e fiquei curioso a esperar, não só eu, mas a cidade de Passo Fundo toda, e ele caprichou na rima, e lembro como se fosse hoje: “se venha no mais, Passo Fundo, e traga junto Teixeirinha”. Porque Teixeirinha conseguiu se incrustar e significar a própria essência de Passo Fundo. Depois começou a fazer músicas em homenagem a Soledade e a outras cidades do Rio Grande. Até a pequena Cacequi entrou numa de suas músicas.

Não tive o prazer de conhecer o Teixeirinha na minha adolescência, mas conheci as suas músicas, porque dificilmente um artista do porto dele chegaria a Cacequi. Vim conhecê-lo mais tarde, em Porto Alegre, com a alma já mais metropolitanizada, onde a tendência é esquecer os valores da terra.

Mas não vou continuar, porque Teixeirinha lembra poesia, lembra saudade, e a saudade também lembra Teixeirinha.

Quero dizer uma coisa a V.Ex.ª, Ver. Raul Casa. V.Ex.ª, pela aparência, pela forma como fala, parece que não é tido com as coisas do Rio Grande, pois quero testemunhar que por trás desta aparência, desta roupagem de cola fina, de pessoa da cidade, se esconde um gaúcho dos mais autênticos, dos mais aquerenciados com as coisas do Rio Grande, com o cheiro do Rio Grande. E o Ver. Raul Casa, certamente, ao fazer este projeto para homenagear Teixeirinha, está, no íntimo, colocando o seu gauchismo neste Projeto. E tenho certeza de que a Cidade vai aceitá-lo, não só pelo merecimento, mas como homenagem ao povo do Rio Grande, cuja expressão musical era o Teixeirinha.

 

O Sr. Raul Casa: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, emocionam-me as suas palavras. Quero fazer um agradecimento público. Quero fazer uma confissão. Quando estive na casa da família do Teixeirinha, ela se emocionou, dotou-me de todos os elementos para que eu pudesse fazer essa homenagem. Fiz o Projeto de Lei e, quando fui pedir a rua na SMOV, depois, veja bem (e faço questão de dizer isso e deixar registrado nos Anais), de ter conseguido o consentimento da família, vi que V.Ex.ª havia, em determinada época, tentado materializar - como me socorre o Ver. Aranha Filho, porque, realmente, estou magoado e ferido com alguns fatos que ocorreram - um pedido para uma rua com o nome de Teixeirinha, mas tinha deixado de fazê-lo. E V.Ex.ª numa atitude ética, numa atitude digna, contrariando e não querendo atropelar, porque poderia muito bem dizer da tribuna que havia pedido, porque está lá, registrado na SMOV, dá uma lição de ética que, contudo, não é seguida por alguns parlamentares desta Casa que tentam atrapalhar o trabalho por falta de imaginação e, por que não dizer, falta de ética.

 

O SR. HERMES DUTRA: Agradeço o aparte de V.Ex.ª. Nobre Ver. Raul Casa, acho que o recado que V.Ex.ª quis dar certamente deve ter chegado ao endereço, que eu não sei qual é.

Mas quero encerrar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizendo que é uma homenagem das mais justas. E vou mais longe: acho que Teixeirinha mereceria o nome de uma avenida que atravessasse o Rio Grande, como disse Érico Veríssimo, quando estava a escrever sobre a BR 290. Dizia que a BR 290 era uma cinta para o Rio Grande. Pois eu acho, nobre Ver. Raul Casa, que Teixeirinha mereceria uma estrada no Rio Grande, porque ele era a própria síntese do homem do interior do Rio Grande.

 

O Sr. Raul Casa: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Queria dizer a V.Ex.ª que a família fez questão que a rua fosse na Vila Restinga, porque é uma vila popular, uma vila que sintetiza, realmente, o que Teixeirinha pensava. Ela não quis outra. Ela aceitou na Vila Restinga.

 

O SR. HERMES DUTRA: Vamos aprovar, Vereador, vamos fazer uma grande festa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu para discutir a Pauta.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam como é difícil a vida de um parlamentar comprometido com uma determinada área de onde ele é oriundo, como é o meu caso. As coincidências ocorrem sem que a gente espere. Vejam os Senhores que Valneri Antunes para mim foi um dos últimos revolucionários que conheci. Revolucionário na expressão, no sentido lato, sentido verdadeiro da expressão. Meu amigo, meu irmão que se digladiou várias vezes com a Brigada Militar nas ruas de nossa Cidade, procurando seu espaço, procurando expor a sua mensagem, que era a minha também.

E vejam os Senhores que quem propõe a transformação do nome de rua, de uma rua chamada, historicamente, de Ten. Ary Tarragô, é um amigo também, um irmão do peito, que é o Ver. Pedro Ruas. E vejam os Senhores que, antes de assomar a esta tribuna, peço a atenção do Ver. Mano José para fazer-lhe justiça. O Ver. Mano José, antes que eu assomasse a esta tribuna, há dias vem tomando providências junto aos moradores da Rua Ary Tarragô para que não se realize a troca, complicando sobremaneira a vida das pessoas proprietárias daquela via pública. Vejam quantas coisas! O Ver. Mano José não tem origem na Brigada Militar e, antes da mim, inicia o movimento. Eu não poderia deixar, mesmo com todas estas coincidências, mesmo tratando-se de amigos, de vir a esta tribuna dizer que não somente eu sou contra a mudança. Não por ser Valneri Antunes, que merece todas as homenagens pelo que fez e foi, autêntico revolucionário, mas não só por mim, Senhores. Eu vivi 35 anos na Brigada Militar de efetivo serviço. Minha casa ficou lotada ontem. Quer queiram ou não, sou um representante, também, de brigadianos, não só representante da Brigada Militar. Independente de outros segmentos sociais, eu não poderia deixar passar em brancas nuvens a excelente idéia do Ver. Pedro Ruas, meu companheiro de partido e amigo, mas quero somente mostrar a minha contrariedade pela proposta, porque retirar do mapa da nossa Capital, o nome de um herói brigadiano, de um herói que ajudou a fazer a história do Rio Grande do Sul, de um herói que lutou em 24, em 30 e em 32, que foi estraçalhado por uma bomba de canhão no Estado do Rio de Janeiro, é apagar a história de nosso País, e não somente de nosso Estado, com todo o respeito que merece o irmão Pedro Ruas. E acho que o Valneri não gostaria disso, principalmente porque nunca se acertou com a Brigada, e se desacertaria na morte, ficando no lugar de um brigadiano herói, como ele, que também lutou pelos direitos de nossa gente. Tenho certeza de que meu irmão Valneri deve estar preocupado, lá em cima, pelo Ver. Pedro Ruas. V.Ex.ª pode, ainda, retirar o Projeto, e terá a minha simpatia e de uma grande fatia de porto-alegrenses. Pode não significar muito a V.Ex.ª, mas terá a simpatia de mais de 50 mil brigadianos. Respeito a idéia de V.Ex.ª, mas não posso deixar passar sem mostrar, como está fazendo o Ver. Mano José, que começou este trabalho antes de mim, a bem da verdade e da honestidade, a minha participação e a evidência da minha contrariedade.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu, como outros Vereadores desta Casa, conheço o trabalho de V.Ex.ª, a sua lealdade e, acima de tudo, o espírito público que tem marcado sua atividade nesta Casa, como marcou, anteriormente, na Assembléia Legislativa e na Corporação da Brigada Militar. Eu falo nesse Projeto, Ver. Adão Eliseu, não em meu nome. O fato de ser este Vereador o autor é mera casualidade. Foi o primeiro Vereador encontrado pelos moradores da Rua Ary Tarragô, por 468 moradores que tiveram o trabalho de fazer um abaixo-assinado e trazer a esta Casa. Não falo em nome deste Vereador porque é o autor, por casualidade, como eu digo. Há alguns dias ainda me aparteava o Ver. André Forster dizendo que, por oportunidade, gostaria, também de ser o autor do Projeto, e não o foi, também, porque não foi encontrado naquele dia. Não falo também por Valneri Antunes, cujos méritos e luta são indiscutíveis, e V.Ex.ª acaba de frisar muito bem. Eu falo em nome dos moradores daquela rua, que fizeram este abaixo-assinado e solicitaram esta mudança de nome, para o nome de um Vereador ligado a eles umbilicalmente, de um Vereador que dedicou parte de sua vida pública a auxiliar aqueles moradores, a auxiliar a terem luz, água, calçamento, a organizar aqueles moradores e sua associação, a um Vereador profundamente identificado, como todos sabem, com as causas, com as lutas populares e, em especial, com as lutas dos moradores daquela rua. Eu falo em nome deles, uma vez que seria despiciendo falar nos méritos de Valneri Antunes, Vereador combativo, lutador incansável, conhecido de todos.

Em nome daqueles moradores é que se faz este Projeto e não é em detrimento desse herói referido por V.Ex.ª. Pelo contrário, até porque me parece que há duplicidade de nomes, porque já existe outra rua com o nome do mesmo. O que há é um pedido dos moradores daquela rua para homenagear quem para eles é mais importante que qualquer pessoa nesta Cidade.

Eu peço, humildemente, que V.Ex.ª reconsidere a sua posição. Muito obrigado.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Eu peço a V.Ex.ª que compare as assinaturas de 400 moradores com as inquietações que V.Ex.ª irá promover em mais de 50 mil brigadianos. Por favor, não me interprete mal. Eu não pude consultar a todos, mas entre ativos e inativos, a Brigada Militar tem mais de 50 mil homens.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adão Eliseu, V.Ex.ª traz à discussão problema que tem trazido angústia e grandes questões de consciência para os Vereadores desta Casa sempre que se pretende alterar um nome de rua. Lá vêm dados do trocado e do trocando, não entrando no mérito deste caso específico. Do trocando pela sua biografia, pelos serviços prestados e do trocado pelo herói que representa. E ficamos nós sempre nesta angústia, neste drama da troca do nome da rua, com pressões e contra-pressões, além das que esta Casa já sente no seu dia-a-dia de ação parlamentar. Portanto, eu acho que a saída se encontraria até por uma melhoria na legislação existente, que é da nossa competência, com relação aos nomes de ruas. Cada vez que vem a esta Casa Projeto de Lei para trocar nome de rua, vira esta zoeira que está se vendo aqui e o Projeto já entra em discussão preliminar de forma polêmica. Acho que, realmente, deveríamos sistematizar esta legislação. Em alguns momentos pode-se trocar nomes de ruas desde que seja para o seu antigo nome e com plebiscito. Então, gera, realmente, pontos muito obscuros com relação à tumultuada legislação sobre logradouros públicos na cidade de Porto Alegre. Eu, sinceramente, me sinto preocupado com a discussão que existe sobre a troca de nomes de ruas.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Eu acho, Vereador, que um dos menores trabalhos que se faz, nesta Câmara, modesto, simples, é dar nome de ruas. Nós somos apelidados como fornecedores de nomes de ruas. Eu também acho que, apesar de já existir a Lei, Lei Complementar nº 3, de 05 de janeiro de 1973, que proíbe a troca de nomes, nós deveríamos aperfeiçoar. A Rua Ary Tarragô existe no mapa da Cidade. Está aqui a certidão que me foi fornecida pelo Ver. Mano José, uma cópia. E a outra Rua Ten. Tarragô existe num bairro brigadiano cujo nome não consta no mapa da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PDT. Ver.ª Teresinha Irigaray.

 

A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, não gostaria de ocupar este tempo de Liderança, mas o assunto é tão importante e vital e me traz uma grande angústia dentro da recordação do tempo e do espaço da figura que ora estamos questionando, uma figura realmente questionada, que sempre nos trouxe dúvidas a respeito de posicionamentos, mas que, às vezes, o que nos parecia uma incoerência política era, realmente, a verdadeira coerência política daquela figura que adentrava no Plenário barbudo, com seu casaco branco, calça “jeans”, bolsa no ombro trazendo sempre uma reivindicação popular. A querida, não esquecida, sempre lembrada figura do Ver. Valneri Antunes. Seria precisamente eu, uma pessoa que teve uma marca de uma briga muito séria com o falecido Vereador, seria eu - e me sinto iluminada neste momento para fazer essa homenagem - seria eu a vir a esta tribuna dizer que nada mais justo, mais humano, mais simples em sua singeleza do que esta Câmara homenagear a figura de seu colega falecido. Homem combatido, sim, extrovertido, violento, que foi preso, amigo dos seus amigos, amigo dos seus favelados - eles estão todos aqui nas assinaturas - homem combatido por sua violência, por sua truculência, mas profundamente humano, coerente, um líder contemporâneo, um herói da nossa realidade, se me permite o Ver. Adão Eliseu. Um herói para os vileiros, para aquelas figuras simples de bairros, cujo enterro assisti. Choravam na hora da descida do caixão. Nunca vi, em toda a minha vida, homenagem mais sentida, mais triste, mais angustiada. Seus assessores choravam e todo aquele povo chorava homenageando com as camisetas com seu nome. Não quero dar este pronunciamento um toque grande de sentimentalismo. Eu só quero dizer que, se o Ver. Adão Eliseu disse que aquela rua pertencia a um herói da Brigada Militar, acho que a Brigada Militar tem grandes heróis homenageados em todas estas ruas da imensa Porto Alegre. Agora, lá no Passo das Pedras, naquele lugarzinho escondido, onde o Vereador militava e onde ele era o grande líder, ele é talvez o grande herói, e nós temos que homenageá-lo, porque a história não pode ser estática, a história tem que ser renovada, nós temos que nos adaptar a sua realidade: foi herói ontem, muito bem, mas nós temos uma figura nobre a homenagear e esta Casa tem por obrigação, tem por direito, tem por justiça, tem por coerência, homenagear aquele que realmente foi um homem sofrido, foi um homem sofrido por toda a sua vida. Não vou falar na sua cassação, não vou falar no seu exílio, não vou falar nas suas noites de vigília e de angústia. Eu estou falando na luta que ele teve e que todos nós presenciamos. Nós combatemos, eu combati. Até, pelo Ver. Valneri Antunes, eu recebi uma grande vaia da União de Vereadores do Rio Grande do Sul, mas eu tive a minha briga com o Ver. Valneri. Acertei depois as arestas com o Ver. Valneri e posso dizer, reconhecidamente, que me tornei admiradora e amiga do Ver. Valneri Antunes, que era uma pessoa que todos nós conhecíamos, pois ele poderia ter os seus atos de violência, mas ele era humano. Valneri Antunes era simples, Valneri Antunes era bom, Valneri Antunes era um Vereador amado pelo seu grupo de eleitores. Valneri Antunes era um homem conceituado politicamente e ele vinha-se posicionando e trabalhando em cima do seu nome político, prestigiando os moradores das vilas populares. Nada mais justo do que nós fazermos esta renovação histórica agora. Nada mais justo do que nós inovarmos a história agora. Nada mais carinhoso do que esta Câmara, através dos seus colegas, daqueles que se elegeram junto com Valneri Antunes, daqueles que foram na delegacia junto com Valneri Antunes e daqueles novos que estão aqui, homenagear o Valneri Antunes. Nada mais justo do que esta Casa sacudir apenas as antigüidades, apenas a história e renovar um pouco, trazer um pouco de luz e prestar uma homenagem àquelas figuras que trabalharam por esta Cidade, àquelas figuras que batalharam pelos moradores desta Cidade, àquela figura que proporcionou o mínimo de conforto para os moradores de uma vila popular. Se o nobre brigadiano foi um herói, os meus respeitos, mas, neste momento, a minha homenagem ao meu colega falecido, à figura popular de Porto Alegre, Ver. Valneri Antunes! Não só as minhas homenagens, mas o meu profundo respeito àquela figura que ainda permanece entre nós, diariamente, pela simpatia que conquistou, pelo trabalho que realizou. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito em Pauta é o Ver. Caio Lustosa. V.Ex.ª tem 10 minutos.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, sou, dentre os integrantes desta Casa, talvez quem mais tenha sentido um posicionamento calcado na legislação municipal no tocante à alteração de nome de uma grande avenida de Porto Alegre, há menos de um ano. Sofremos, eu e talvez todos os Vereadores, o assédio para que, ignorando o que está explicitado sem dúvida alguma numa lei complementar deste Município, alterássemos a denominação de uma das mais importantes artérias desta Cidade. Nossa posição se baseou unicamente naquilo que estava na lei. Desejávamos que apenas se cumprisse aquela condicionante de, em se tratando da mudança de um nome de uma artéria de tanta importância, se fizesse a consulta popular. A douta e grande maioria desta Casa entendeu o contrário: nos submetemos. Os fatos a seguir mostraram que não vale a pena ir-se contra a vontade firme de uma população mobilizada. Hoje, sinto-me, também, com o coração dividido, com a apresentação desse Projeto do Ver. Pedro Ruas, que pretende a alteração do nome da Rua Ary Tarragô para Rua Valneri Antunes. E eu dizia ao Ver. Ruas que, na CJR, por uma questão de coerência, seria obrigado a também reivindicar a aplicação daquela condicionante que está na Lei Complementar: de a população ser ouvida através de um plebiscito. Não se trata de um preciosismo jurisdicista, de um legalismo formal e careta, mas de passarmos a encarar até mesmo a questão da denominação de uma artéria nesta Cidade de uma forma aberta, sem subterfúgios, sem casuísmos e sem manipulação da Lei conforme o interesse predominante neste ou naquele momento. Por exemplo, chega-se a dizer, neste caso da mudança da Ary Tarragô para Valneri Antunes, que estar-se-ia afrontando uma corporação militar. Eu acho que não é hora de estarmos ainda com medo do confronto quando o confronto é aberto e salutar. Eu sei que é muito difícil botar nos pratos de uma balança os méritos desse ou daquele vulto da nossa história, da mais recuada e da mais recente, mas eu acho que é pela prática da discussão, inclusive da consulta popular, neste caso da Ary Tarragô, que nós poderemos, realmente, fazer com que não apenas a Lei seja obedecida para todos os casos e não para um só, mas para que a população respeite as decisões desta Câmara, tenha a compreensão de que aqui não se decide conforme a força deste ou daquele homenageado, mas de acordo com os méritos de cada um.

 

O Sr. André Forster: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Caio Lustosa, V.Ex.ª, como é próprio do comportamento e das atitudes que V.Ex.ª toma nesta Casa, faz um pronunciamento extremamente importante e lúcido, caracterizando com muita objetividade a sua posição. Quero cumprimentá-lo por esta forma tão retilínea de expor a sua posição. Aproveitando o ensejo do pronunciamento feito por V.Ex.ª, eu gostaria de fazer uma observação em relação à intervenção do Ver. Isaac Ainhorn. A rigor, esta Casa nunca teve dúvidas em relação à troca de nomes. Em outras oportunidades, esta Casa foi sempre muito rigorosa, procurando, sempre, que não ocorressem alterações. Este processo sempre foi claro, mas a clareza deste processo foi interrompida pelo episódio que caracterizou e marcou esta Casa - ao qual V.Ex.ª se refere: a troca do nome da Av. Ipiranga. Naquela oportunidade, até porque era uma proposta do Prefeito Municipal, aqui dentro não se pouparam esforços para atropelar todos os instrumentos legais que inviabilizariam aquela alteração. Portanto, a confusão passou a instaurar-se a partir daquele momento, não só quando a Lei Orgânica, o Regimento foram, absolutamente, atropelados, como quando também esta Casa decidiu, pela maioria dos seus Vereadores, rejeitar Parecer da CJR. Lembro muito bem deste episódio e, antes de vir à votação, atropelando o Regimento Interno, convoquei reunião de Lideranças, no Gabinete da Presidência, e disse que assim era demais, assim estávamos indo além do possível e que isto deixaria esta Casa em posição muito ruim, porque se atropelavam todos os mecanismos legais para se chegar àquele resultado. Portanto, esse processo, que sempre foi claro, desde então ficou desmoralizado. E não se diga que não há clareza sobre isto. Há clareza, sim, e esta Casa é que, sobretudo, ajudou a fazer com que este processo se transformasse numa aparente confusão.

Portanto, Ver. Caio Lustosa, que se encontrem argumentos que não estes de caráter técnico-legal e então, sim, aceitarei ponderações de outra natureza, mas esta não, porque se instaurou já a desordem sobre esse assunto e os diplomas legais são muito claros. Mas nesse não ocorria isso, quero frisar, fazer essa correção ao aparte antes feito pelo Ver. Isaac Ainhorn. Se alguma responsabilidade existe é sobretudo dessa Casa, quando, pela sua maioria, atropelou os diplomas legais para atender interesses que correspondiam ao desejo dessa mudança.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: Ver. André Forster, subscrevo integralmente esse aparte de V.Ex.ª, que coloca a questão suscitada há mais de um ano. Ao debatermos a mudança do nome da Av. Ipiranga, alertávamos, justamente, para esse risco de passarmos a legislar casuisticamente, levando de roldão uma disposição clara da legislação municipal, o que ensejaria um precedente sério, a criar uma balbúrdia por todos indesejável, eis que a denominação de uma rua, por algo simples que possa parecer, reflete-se na vida cotidiana das pessoas. Queremos ter uma cidade democrática e participativa e não será violentando a vontade de setores ponderáveis de moradores de Porto Alegre que iremos fazer a democracia como algo concreto, e não apenas alvo de discursos.

 

O Sr. Aranha Filho: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sem querer entrar no mérito da questão, mas, dessa feita como da outra, uma alternativa surgiu, e hoje, inclusive, está na Pauta, para que dê continuidade à ação do Ver. Jorge Goularte. Existe uma possibilidade, uma alternativa, que, inclusive, não atende a reivindicações dos moradores da Ary Tarragô, mas talvez atenda ao resto da população. Veja V.Ex.ª, e chamo a atenção do Ver. Pedro Ruas, autor da proposição: normalmente, passo no canteiro que dá inicio à Av. Farrapos, ou ao final da Av. Farrapos, o canteiro que abriga a Estátua do Laçador. Ali vejo a figura do Valneri Antunes, toda vez que passo por ali. Por que não, Ver. Pedro Ruas, denominar Praça Valneri Antunes aquele canteiro?

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu referi, quando aparteei o pronunciamento do Ver. Adão Eliseu, que o que se trabalhava não era em consideração à autoria do Projeto. E, no aparte que fiz, não era, sequer, lembrando a figura corajosa e de liderança do Ver. Valneri Antunes. Era, isso sim, buscando a satisfação da vontade de 468 signatários em um documento que, em breve, será de mil e, depois, de dois mil da Rua Ary Tarragô, que queriam homenagear a sua liderança e aquele Vereador que dedicou o seu mandato a trabalhar por aquelas pessoas. Não existe, por isso, Ver. Aranha Filho, a possibilidade da troca simples por homenagem. Aceitaremos, inclusive, projetos que também tragam em seu bojo a homenagem a Valneri Antunes. Porém, o que estamos levando adiante é uma reivindicação daqueles moradores.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: Concluo, então, Sr.ª Presidente, manifestando essa posição no sentido de que, ao invés de refugirmos ao debate, tendo medo de desagradar esse ou aquele setor, submetamos a uma norma que existe na Legislação Municipal que é a de audiência prévia da comunidade nos casos de mudanças de nome de uma via pública. Se essa norma não estiver, realmente, de acordo com interesse maior da Cidade, faça-se a modificação pertinente, mas jamais se fique aplicando a norma ao sabor do instante ou da personalidade a homenagear. Quanto ao mérito, indiscutivelmente, serei a favor sempre de qualquer homenagem que se preste a este Vereador, ao querido Ver. Valneri Antunes, eis que ele, realmente, encarnou, nos três ou quatro anos que lutou nesta Casa, uma luta permanente pelo interesse maior desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Passamos ao período de Grande Expediente. Primeiro orador inscrito, Ver. Cleom Guatimozim, cede seu tempo ao Ver. Mano José. V.Ex.ª está com a palavra.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar nós queremos agradecer ao ilustre Líder do PDT pela permuta de seu tempo com a nossa Bancada.

 

O Sr. Cleom Guatimozim: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mano José, embora V.Ex.ª já tenha mencionado, gostaria de deixar bem claro que foi feita uma permuta com o partido de V.Ex.ª

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente, nós queremos colocar alguns fatos para que os colegas, os Srs. Vereadores, e para que aqueles que nos assistem possam saber o porquê da nossa posição contrária à mudança do nome da Rua Ten. Ary Tarragô. A Rua Ten. Ary Tarragô foi originada pelo Beco do Gansen. Foi denominada, em 21 de dezembro de 1966, Rua Ten. Ary Tarragô, em homenagem a um tenente da Brigada Militar. Diz aqui a própria Lei: “Herói Rio-grandense morto em combate em 1932”. Posteriormente, o então Beco do Butiá, que continuava no término da Ary Tarragô e ia até a Baltazar de Oliveira Garcia, foi transformado também em rua e passou a ser a continuação daquela rua. E nós, então, a pedido dos moradores, em 1971, apresentamos um Projeto de Lei estendendo o nome da Ary Tarragô a toda a extensão da rua, da Protásio Alves até a Baltazar de Oliveira Garcia. Evidentemente, ainda vamos referir que, em 21 de agosto de 1971, este Vereador, juntamente com os moradores da Rua Ten. Ary Tarragô, fundava o centro comunitário daquela rua. A partir dali, a comunidade e nós passamos a lutar pela água, pela luz e pelo calçamento da Rua Ten. Ary Tarragô. Quero-me congratular pela colocação feita desta tribuna pelo Ver. Caio Lustosa, quando coloca muito bem o problema, e queremos afirmar que em absoluto somos contra a homenagem a um colega nosso, que aqui esteve batalhando e trabalhando pela Cidade. Merece a homenagem. Agora, não é justo que estejamos a fazer homenagens criando dificuldades enormes para os moradores e comerciantes, para os industriais da Rua Ten. Ary Tarragô, pois todos nós sabemos as dificuldades que iremos causar àqueles que lá residem. Quer a transformação dos seus contratos de compra e venda, no registro de imóveis para quem já tem escritura, quer para os comerciantes que têm seu talonário, enfim, vamos criar enormes dificuldades. Mas pior do que isto, no nosso entendimento, referido também aqui pelo nobre Ver. André Forster, é a confusão criada, há algum tempo atrás, com a troca de nome de uma avenida. Naquela ocasião, o nobre Ver. Mendes Ribeiro, hoje Deputado Estadual, estava buscando o consenso da Câmara e preparando uma pesquisa de opinião na Av. Ipiranga para apresentar aqui um Projeto de Lei, quando a Casa foi surpreendida com o Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo. E aí se estabeleceu, realmente, alguma confusão e a família, reconhecendo o interesse da comunidade da Av. Ipiranga, abriu mão da homenagem. Mas o que significou aquele episódio? Significou muito para nós. Nós, pessoalmente, tiramos a lição dele, de que a Lei Municipal foi feita por Vereadores desta Casa, senão Vereadores de agora, pelos Vereadores de ontem, Vereadores que deixaram o nome na História desta Cidade. E aqui está a Lei Complementar nº 3, que é muito clara no seu art. 1º, quando diz: “As atuais denominações de logradouros, obras e serviços públicos não poderão ser substituídas, a não ser para receberem novamente o nome antigo; consagrado pela população”. Caso típico: Rua dos Andradas, Rua da Praia. Todos sabem que a Rua dos Andradas é mais conhecido, até hoje, por Rua da Praia. Parágrafo único: “A substituição prevista neste artigo só poderá ser feita respeitada a vontade da maioria, após a realização de plebiscito entre os moradores quando for o caso de ruas e avenidas”. Este não é o caso da Ary Tarragô, que eram dois becos - o do Gansen e, posteriormente, Beco do Butiá. Artigo 2º: “Ficam isentas da proibição da presente Lei aqueles logradouros, obras e serviços públicos que tenham a mesma denominação ou cujas denominações possam ocasionar prejuízos aos munícipes pela sua semelhança”. Este art. 2º foi o argumento da Exposição de Motivos inicial do nobre Ver. Pedro Ruas, autor do Projeto. Nós, então, por solicitação dos moradores da Rua Ary Tarragô, ingressamos com pedido na SMOV para saber, através de certidão, quantos logradouros existem em Porto Alegre com o nome de Ary Tarragô. E aqui está a certidão que vamos pedir à Sr.ª Presidente para que seja juntada ao Processo, dizendo que existe um logradouro e que o mesmo, conforme este croqui fornecido pela SMOV, vai da Protásio Alves até a Rua Baltazar de Oliveira Garcia. Estes são os aspectos legais. Diz o nobre Ver. Pedro Ruas que foi procurado - e nós sabemos que foi - por alguns moradores que entregaram a ele um abaixo-assinado. Evidentemente que o nobre Ver. Pedro Ruas, que todos nesta Casa sabem tratar-se de brilhante advogado, de homem que manuseia e lida diariamente, a todo instante, com leis, poderia, evidentemente, ter dito àqueles moradores que entregaram o referido abaixo-assinado que, de acordo com a Lei Complementar, não seria possível a troca de nome. S.Ex.ª faria aquilo que nós dissemos a ele, logo em seguida que apresentou o Projeto: procura outro logradouro, outra vila, outra rua, avenida para dar o nome, desde que ainda não tenha nome, pois vamos criar problemas para os moradores da Ary Tarragô e vamos trazer um abaixo-assinado dos moradores da Rua Ten. Ary Tarragô pedindo que permaneça o nome. Que não seja criado um problema para eles, pois esta Casa está aqui pelo voto popular, para ajudar a resolver os problemas desta Cidade e, neste caso, ela não pode começar a criar problemas para os moradores. A nossa atividade é de muitos anos junto aos moradores da Rua Ten. Ary Tarragô, desde quando fomos pleitear para que lá não fosse construído o cemitério da Zona Norte. Desde aquela época, lá estamos com a comunidade, trabalhando com a comunidade, por dever, por obrigação, porque somos um Vereador da Cidade e não estamos fazendo um favor aos moradores da Ary Tarragô. Estamos cumprindo, em nosso entendimento, com a nossa obrigação, pois aqui estamos trazidos pelo voto popular, pelo povo e por boa parcela dos moradores da Ary Tarragô.

 

O Sr. Hermes Dutra: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Veja V.Ex.ª a situação constrangedora que esta Casa irá viver novamente. De um lado, até incompreensões, pois não haverá quem não diga, por desinformação ou má-fé, que alguns de nós somos contra a homenagem ao Ver. Valneri Antunes. Em segundo lugar, lamentavelmente, parece que o episódio da Av. Ipiranga não nos serviu de lição. Ouvi, em silêncio vergonhoso, o Ver. Caio Lustosa e faço a declaração em público. V.Ex.ª tocou num ponto em que esta Casa fraquejou, mas acho que devemos tirar uma lição desse episódio, Ver. Mano José. É um apelo aos companheiros para que, em projetos desta natureza, se façam consultas, se converse, porque o medo que eu tenho é de que, no fim, a memória do Ver. Valneri Antunes seja jogada neste aspecto, e é o que ninguém quer. A homenagem maior que se fará ao Ver. Valneri Antunes é encaminhar este Projeto de forma mais correta. Com todo o respeito ao Ver. Pedro Ruas, porque sei que não lhe moveu outra intenção que não a de homenagear o Vereador e atender o pedido de alguns moradores! Mas a grande verdade é que o Ver. Pedro Ruas, sem querer, vai colocar esta Casa diante de um sério problema, e a memória do Ver. Valneri Antunes diante de um sério ponto de interrogação.

 

O SR. MANO JOSÉ: Eu agradeço o aparte de V.Ex.ª. Eu só queria dizer a V.Ex.ª, nobre Ver. Hermes Dutra, que fiz aqui um preâmbulo, um pouco de história, porque todos sabem que com extinto, com o “de cujus” e nós, não tínhamos lá aquele relacionamento de amizade. Eu fiz a história para que todos soubessem o porquê do meu posicionamento pela vinculação que tenho com os moradores, exatamente da Ary Tarragô. Já que, também, a Lei de 71, que estendeu o nome Ary Tarragô da Arlindo Pasqualini até onde ela ia, até a Baltazar de Oliveira Garcia, de 23 de dezembro de 71, é de nossa autoria. Daí, a Fundação do Centro Comunitário da Ary Tarragô, em 21 de agosto de 1971. Fomos nós que lá estivemos, fomos nós que preparamos o Estatuto para o Centro Comunitário. Esta história talvez seja desnecessária, mas eu quis deixar bem claras as razões por que estamos aqui. Nada contra o homenageado, nada contra o autor do Projeto, apenas a favor da grande maioria dos moradores da Rua Ary Tarragô.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mano José, com todo o respeito que merece pelo trabalho desenvolvido nesta Casa, pelo trabalho que conheço de homem público, eu devo dizer que o interesse da imensa maioria dos moradores da Rua Ary Tarragô é de que ela passe a se chamar Rua Ver. Valneri Antunes. Eu devo lhe dizer que este Projeto já contém uma parcela mínima das assinaturas que virão para o mesmo, nestes próximos dias. Temos já 468 assinaturas e teremos, em breve, 2.000 assinaturas que estão sendo colhidas, agora, na medida em que houve informações da resistência de alguns Vereadores com relação à troca de nome da Rua Ten. Ary Tarragô.

Para concluir, Vereador, eu diria ao nobre Ver. Hermes Dutra, que usou aparte no pronunciamento de V.Ex.ª, que causa espécie, causa espécie como uma questão legal e a posição legalista é invocada sempre em detrimento da vontade popular e não tenho visto a invocação desta questão legalista quando é para favorecer interesses populares mais específicos. Eu vejo com profunda lamentação de minha parte que esta questão passe a ser invocada neste momento. Quando era mais urgente, em outros momentos, e mais premente que ela fosse levantada, jamais foi invocada. Não me refiro ao pronunciamento de V.Ex.ª. A contestação que tenho é de outro tipo. Já frisei qual seria e V.Ex.ª ouviu durante todo o tempo. Refiro-me agora quanto ao pronunciamento do Ver. Hermes Dutra que, na minha opinião, equivocou-se quando colocou a questão legal como sendo prioritária neste episódio. Obrigado, Vereador.

 

O SR. MANO JOSÉ: Para encerrar, Sr.ª Presidente, nós queremos passar às mãos de V.Ex.ª, para anexar ao Processo, a certidão fornecida pela SMOV e o croquis também, e prometer a V.Ex.ª que, dentro em breve, nós estaremos trazendo um abaixo-assinado pela grande maioria dos moradores da Rua Ten. Ary Tarragô para que seja incluído, também no Processo, para que a Casa, além do aspecto legal, possa ter um embasamento e possa realmente legislar não contra Valneri Antunes, em absoluto. Nós achamos justo que aqueles que passam por esta Casa e que lutam pela comunidade conquistem o direito, até, através da votação popular - porque são eleitos através do voto popular - de serem consagrados pela Cidade, perpetuamente. Somos favoráveis à homenagem. Nada contra o autor do Projeto, mas, evidentemente, a favor dos moradores da Rua Tenente Ary Tarragô. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Ver. Antonio Hohlfeldt, V.Ex.ª tem 5 minutos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, embora lastimando, sobre certo aspecto, se deva perder tanto tempo numa questão que deveria ser tão simples, acho que este debate é extremamente oportuno para se avaliar quando uma instituição como a Câmara Municipal, através da maioria de seus Vereadores, se humilha e se inclina a decisões interesseiras e decide coisas como o conteúdo do proc. nº 959/86 - PLE 12/86, que pretendeu modificar e modificou, se dependesse dos votos da maioria desta Casa, a denominação da Av. Ipiranga. Serve também, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, para lembrar da fraquíssima memória de alguns Vereadores que assinam Pareceres e depois se esquecem do que assinaram e escreveram. Assinou o Ver. Isaac Ainhorn, num longo laudo de 4 páginas, um Parecer, jurando pela legalidade da troca da Av. Ipiranga e agora tem dúvidas sobre a legalidade da troca da Ary Tarragô. Por quê? Só porque o Ver. Valneri Antunes não tem um meio de comunicação na mão? Só porque o Ver. Valneri Antunes está, talvez, mais para a esquerda do que gostaria o Vereador Relator do Projeto, na ocasião? Mais do que isso, e não vou tripudiar, Ver. Hermes Dutra, mas sei que V.Ex.ª vai lembrar, o Parecer é seu, vetando um dos Substitutivos.

 

(Aparte inaudível e anti-regimental.)

 

Está aqui a sua assinatura, Ver. Hermes Dutra. Comissão de Justiça e Redação. Substitutivo: 1º Parecer, assinado pelo Ver. Hermes Dutra contra o Projeto de Lei do Ver. Caio Lustosa e Antonio Hohlfeldt. E depois, novamente, do ilustre Ver. Isaac Ainhorn contra o Substitutivo do Ver. Jorge Goularte.

 

(Aparte inaudível e anti-regimental.)

 

Vereador Isaac Ainhorn, o seu aparte é anti-regimental. Mais uma vez, lastimo que V.Ex.ª, que já foi da Mesa, não dê um bom exemplo. Gostaria de lembrar que não se trata de apenas um ser Joãozinho-do-passo-certo. Somos 5 ou 6. Pagamos caro nos dias subseqüentes. Mas vemos que, por coincidência, na tarde de hoje, em que o Ver. Jorge Goularte atende o pedido da família, que, aliás, se comportou dignamente em todo o episódio, ao recusar a homenagem da Casa e tem aprovado por unanimidade o Projeto que dá o nome de Maurício Sirotsky ao Parque da Harmonia, o mesmo episódio agora se reprisa em relação ao Ver. Valneri Antunes.

Então, tem razão o Ver. Caio Lustosa, sim. Se houvesse dúvidas de legalidade, seria uma coisa, mas eu, pessoalmente - está aqui o meu voto e está o voto do Ver. Caio, em separado, na CJR -, nunca tive dúvida quanto à legalidade: era absolutamente ilegal. E eu continuo com a mesma idéia. Agora, a partir de uma decisão politiqueira... Eu também faço o meu voto politiqueiro. Só que não vou levar vantagem. Eu apenas vou ser coerente com a identificação em relação àquelas pessoas que realmente defendem a população desta Cidade. Eu voto pelo Ver. Valneri Antunes e acho que esta é uma boa lição que, com muita humildade, nós devemos tirar. Toda vida que esta Casa se humilhou para atender interesses, bem ou mal acabou, mais cedo do que se esperava, pagando o pato. E quem perde, infelizmente, não são os Vereadores que permitem a humilhação da Casa; quem perde é a Casa, que fica humilhada junto à opinião pública. E isso é que é lastimável porque diminui, infelizmente, e faz o jogo dos conservadores, a função e o respeito que o Legislativo deve ter junto à opinião pública. Eu tratei disso na primeira Sessão formal deste ano, nesta Casa, no domingo. Não quero ser Joãozinho-do-passo-certo, Ver. Isaac Ainhorn, até porque não sou só eu, mas, ao que parece, alguns de nós vamos continuar a sê-lo, porque mantemos a coerência. Apenas esta questão. Está aqui o Processo para quem quiser examinar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em Grande Expediente é o Ver. Clóvis Brum, que cede seu tempo ao Ver. Hermes Dutra. V.Ex.ª tem 15 minutos. 

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, eu não pretendo usar o tempo de Grande Expediente para tratar desse assunto. Agora, sou obrigado a fazer uma colocação, porque o Ver. Antonio Hohlfeldt - acho que sem querer - incorreu num engano, colocando este Vereador numa situação delicada. Na verdade, Vereador, o Parecer que V.Ex.ª leu, trata-se do Substitutivo apresentado por V.Ex.ª e pelo outro Vereador em que a CJR dizia que a Câmara não podia criar logradouros. Veja bem, eu continuo com essa posição. Acho que a Câmara não pode criar, Vereador. Quanto ao Substitutivo do Ver. Jorge Goularte, não tem assinatura. Recusei-me a assinar o Parecer da Comissão. Era Substitutivo. Como é que ia dizer que era o contrário, embora eu achasse que a Avenida deveria mudar de nome? Mas não ia mudar meu posicionamento por causa disso. Eu sou homem de posições e as assumo e reconheço, Vereador. Disse publicamente ali. Assisti em vergonhoso silêncio às colocações feitas pelo Ver. Caio Lustosa. Quanto às palavras do Ver. Pedro Ruas, acho que S.Ex.ª, na ânsia de justificar as suas posições, avançou. Em momento algum, falei em justificativa legal. O Vereador está sonhando. Eu só falei o seguinte - vou repetir: o que eu disse é que projetos como este - e acredito que V.Ex.ª teve boa intenção -, colocam em xeque a Casa e a memória do homenageado. Eu não argumentei nada legal. V.Ex.ª é que inventou isto. V.Ex.ª afirmou coisas que eu não disse e recomendo que V.Ex.ª vá ler as notas taquigráficas para ver se eu argumentei alguma questão legal. O problema da homenagem ao Ver. Valneri Antunes é que, lamentavelmente, vai transtornar esta Casa. Há moradores que vêm aqui e não querem a mudança. Por isso, acho que a melhor solução é a do Ver. Caio Lustosa: vamos ouvir os moradores. Eu acho que resolve. Se a maioria dos moradores quiser a mudança, faça-se a mudança; se a maioria não quiser a mudança, não se faz a mudança. Eu apenas argumentei que o Projeto coloca a Casa em choque. E coloca, Ver. Pedro Ruas, porque todo mundo fica constrangido. Há um constrangimento geral na Casa. Só V.Ex.ª não vê.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu recomendo a V.Ex.ª, com todo o respeito, Ver. Hermes Dutra, que leia as notas taquigráficas. V.Ex.ª se referiu, especificamente, à questão legal. E adianto, desde logo, e sei que V.Ex.ª por certo já imaginava esta posição, que este Vereador é amplamente favorável ao plebiscito. Além disso, o nosso Projeto é baseado, exatamente, na vontade dos moradores da Rua Ten. Ary Tarragô, que são as assinaturas que constam no Projeto, que, se não estão em mãos de V.Ex.ª, podem ser requisitadas a qualquer momento à Assessoria Legislativa. E mais, Ver. Hermes Dutra: se a vontade popular é o que vai determinar o posicionamento de V.Ex.ª, já tenho certeza, desde logo, do voto favorável de V.Ex.ª ao meu Projeto. Muito obrigado.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, eu queria-me referir (por isso troquei de tempo com o Ver. Clóvis Brum - não foi coligação), hoje, a uma questão muito séria que enfrenta a população de Porto Alegre. Eu, ontem, conversava com algumas pessoas sobre o problema de abastecimento e até discutimos a questão específica da Loja Escoteira. Nós temos uma loja que vende artigos para escoteiro e artigos de “camping” e nós estamos tendo uma dificuldade muito grande para comprar material para confeccionar os uniformes. Quando se consegue comprar a fazenda, não se acha o zíper. Consegue o zíper, não acha o botão. Consegue o botão, não acha a linha.

Eu questionava, ontem, sobre o porquê disto, porque, afinal de contas, os preços subiram, estão lá nas nuvens. Coisa que custava, há um mês atrás, 10 cruzados, agora custa 30, 40 ou 50 cruzados. E por que essas coisas não existem? Será que está havendo estocagem? Eu não acredito, porque é impossível haver lugar para estocar tanto. Será que o povo brasileiro passou a consumir de uma hora para outra, como defendem os arautos do Plano Cruzado? Ora, se é verdade que passou a consumir, quem não consome nada a primeira coisa que consome é arroz e feijão. Não é automóvel, não é pneu, não é roupa. A primeira coisa que deveria subir e faltar é arroz e feijão, mas nós sabemos que a safra do ano passado ainda não foi comercializada.

Então, realmente, há uma questão de desabastecimento seriíssima. Neste aspecto, quero me referir a um problema sério que a população está enfrentando, que é o de material escolar. Recomeçaram as aulas, os colégios dão as intermináveis e caríssimas listas de material escolar. Quem tem dois ou três filhos na escola já sai apavorado, porque muitas vezes não tem o recurso para comprar. E saem as mães, apavoradas, pela cidade e, na maioria das vezes, não conseguem o material necessário. Quando conseguem, é material de segunda categoria. Há falta de canetas de hidrocor, de material de desenho, há falta de livros. Estou impressionado, pois parece que, com o Plano Cruzado, a população passou a ler, inclusive, livros didáticos. Tenho um filho que já está procurando um livro de Ciências há vinte dias e não o encontra. Isso sem falar nos preços, que estão, verdadeiramente, pela hora da morte. Não estou a imaginar que se deva pedir ao Sr. Ministro da Fazenda que faça novo congelamento, pois congelar agora seria pelo pico, e põe pico nisso aí. Mas a grande verdade é que parece que o Governo não olha algumas questões que são fundamentais para a sobrevivência diária do cidadão. Em função da discussão da dívida externa, da moratória, da dívida interna, parece que as autoridades governamentais não se dão conta desse detalhe. Ora, todo o mundo sabia que, no mês de março, milhões de crianças, jovens e adultos voltariam aos bancos escolares no País todo e não se tomaram providências com vistas a mandar, pelo menos, que as autoridades competentes checassem a questão do abastecimento do material escolar. Como resultado, há um desabastecimento. Os preços, que já são caros por uma questão de ordem natural, sobem mais ainda. As mães, que são as que fazem esse tipo de compra, chegam em casa sem o material e sem o dinheiro, porque o pouco dinheiro que levaram mal deu para aquilo que conseguiram.

Eu tenho defendido, sempre, enquanto vejo cartazes por ensino público e gratuito, que a grande questão brasileira não é essa. Eu acho que no Brasil tem que se dar é acesso ao ensino. E o que significa acesso ao ensino? Significa que toda a criança tenha direito de ir à escola, de freqüentar a escola e de sair bem na escola. Então, esse acesso tem algumas coisas além da simples entrada. Tem que ser visto de uma maneira mais ampla, que é o fornecimento do material gratuito para aqueles que não têm. Porque de nada adianta estar em uma escola pública e não ter, ao mesmo tempo, material escolar, não ter dinheiro para comprar caderno, para comprar lápis. Ou, se consegue comprar caderno e lápis, não tem aqueles outros instrumentos necessários para o bom desenvolvimento do aluno, que são os lápis de cor, canetas etc.

Então, parece-me que o Governo Federal tem que tomar alguma medida mais drástica quanto ao aspecto educação, e eu não estou aqui a analisar a educação brasileira, que, todos sabemos, está péssima. A questão é que assim como está ela já está funcionando mal. Ela precisa ser melhorada, garantindo-se o acesso, e, sobretudo, o Governo analisando esta adjacência da escola, e não só escola. O Governo tem obrigação de saber, um mês, dois meses antes de começarem as aulas, que vai faltar material escolar, e que tem que providenciar, tem que determinar que os seus órgãos ajam de forma a facilitar a compra, seja reduzindo os impostos dos materiais escolares. Porque, neste País, caderno escolar paga ICM, mas revista pornográfica não paga ICM - está classificada como instrumento de cultura. Dar incentivos para que o setor se capitalize e possa oferecer, no mês de março, aquilo que é necessário para o início das aulas. O que não pode acontecer mais é continuar-se com este ponto de interrogação que, na verdade, é quase uma espada na cabeça de cada pai a cada início do ano letivo. E este ano, de uma forma muito particular, esta escassez e os altos preços! E nós sabemos que isto é um fenômeno de desabastecimento. Está aí o problema da carne: era aquela onda com a carne. A carne estava sendo vendida a quase cem cruzados. Bastou chegar a temporada do boi gordo e, hoje, ou o fazendeiro vende, ou o boi vai emagrecer. No meu bairro, há cinco açougues. Lá, a costela minga está em promoção. Cada um vende por um preço - num é 30 cruzados, noutro é 31, 32, 33. E por quê? Porque há uma oferta razoável. Agora, se não se providencia em que haja uma oferta em níveis aceitáveis, é claro que o material escolar sobe, e sobe violentamente. Já não falo naquela suba do chamado realinhamento, que começou com 25% para os preços e 20% para os operários. Mas isso aí é um problema de política econômica que cabe para o PMDB explicar.

Então, não podemos mais aceitar que estas coisas sejam feitas sem um planejamento, porque, se fosse uma questão localizada, se fosse lá em meu município - nasci em Cacequi - que estivesse faltando material escolar, se poderia admitir. Mas vá se fazer uma volta nas livrarias em Porto Alegre. E lhes falo com conhecimento de causa porque andei por aí. A gente tem que andar, indagar, especular, como se diz na minha terra, para saber das coisas. E, realmente, há uma falta enorme de material escolar na Cidade. E o que tem está pela hora da morte.

Ora, nós sabemos que, infelizmente, o acesso à educação inexiste neste País. Diante desta inexistência do acesso, o que tentam alguns pais? Na vã ilusão de que, colocando um filho seu num colégio particular, o seu filho vai aprender mais do que no colégio público... Isso é uma ilusão. Há muito colégio público que deixa colégios particulares quilômetros longe. Colocam num colégio particular. Aí, começam a vir aquelas infindáveis listas de material. Aliás, há uma briga de foice por causa da mensalidade. Foi autorizado um aumento, e os colégios não estão aceitando. Há colégio que está pressionando os pais para darem uma contribuição extra. O Governo promete dar uma compensação para os colégios, e eu não sei como os pais vão ter compensação, e mais ainda esta do material. Quer dizer: está realmente insuportável sustentar dois ou três filhos em uma escola de 1º ou 2º grau. Há escola de 1º grau, na cidade de Porto Alegre, cuja mensalidade é mais cara do que o curso de Arquitetura na Unisinos, em São Leopoldo. Eram estas as questões, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, que eu queria colocar, porque acho que é um assunto realmente importante que se deve falar, se deve discutir e se deve denunciar, para que, efetivamente, se processe uma mudança, neste aspecto, na área de educação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estamos no período do Grande Expediente. Perguntaria se há “quorum” para continuação da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Solicitaria ao Ver. Hermes Dutra para comparecer a Mesa, como Secretário “ad hoc”, para fazer a verificação de “quorum”.

 

O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: Sr. Presidente, não há “quorum”. Há seis Vereadores presentes.

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Face à inexistência de “quorum”, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h05min.)

 

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